Na trajetória de
constituição do humano, a criança e o adolescente sentem necessidade de diálogo
e da presença de alguém que os compreenda e elucidem as transformações pelas
quais eles passam na sua vida. Geralmente, os filhos buscam, na figura dos
pais, o referencial de identidade. Entretanto, as próprias condições da
sociedade causam influência nas relações familiares, dificultando que a família
cumpra seus deveres essenciais junto aos adolescentes e fazendo com que, sigam
seu caminho, obedecendo a suas inclinações pessoais e menos subordinados à
influência familiar. Na situação da surdez, em famílias ouvintes com filhos, os
vínculos afetivos podem ser quebrados já na descoberta da diferença, quando
não, pelo fato de a criança ou adolescente surdo não encontrar em casa o
referencial procurado.
Carlos Skliar (1995)
explica que o surdo é um ser sociolinguístico diferente, pertencente a uma
comunidade linguística minoritária, caracterizada por compartilhar o uso de uma
Língua de Sinais e de valores culturais, hábitos e modos de socialização. A
Língua de Sinais é um elemento aglutinante e identificatório dos surdos,
constituindo seu modo de apropriação com o mundo, o meio de construção de sua
identidade, sendo por meio dela que o surdo põe em funcionamento a faculdade da
linguagem, inerente a sua condição humana. Goldfeld (1997), ao analisar a
linguagem e a surdez numa perspectiva sociointeracionista, reconhece as
dificuldades de comunicação entre pais ouvintes e filhos surdos, em função da
diferença linguística que há entre eles. Neste sentido, o processo de socialização
se torna um obstáculo para os surdos, visto que a família, pela atividade
conjunta entre seus membros, seria o primeiro ambiente de interação e
cooperação que leva o jovem à autonomia.
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